Polícia Legislativa reprime com gás lacrimogêneo grupo de integrantes dos povos originários que protestavam em frente ao Congresso. Câmara...
Polícia Legislativa reprime com gás lacrimogêneo grupo de integrantes dos povos originários que protestavam em frente ao Congresso. Câmara e Senado alegam que ação foi necessária para evitar que os manifestantes ultrapassassem áreas de segurança
"Fomos recebidas com gás de pimenta e bombas de efeito moral, lançadas de forma indiscriminada, num claro ato de repressão contra o movimento indígena. Mesmo me identificando como deputada federal, fui impedida de sair do local, constrangida, agredida e precisei de atendimento médico na Câmara dos Deputados", escreveu em suas redes sociais.
"Esse episódio escancara o que temos denunciado há muito tempo: a violência do Estado contra os povos originários e o racismo institucional que marca as estruturas de poder deste país. Também é violência política de gênero, num país em que ser mulher indígena no Parlamento é resistir diariamente ao apagamento", afirmou Xakriabá.
Segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, duas mulheres foram atendidas com mal súbito. "Uma foi transportada para a UPA de São Sebastião e a outra, para o IHBDF. Estavam conscientes, orientadas e estáveis", disse a corporação, em nota.
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A Câmara e o Senado argumentaram que a ação foi necessária para evitar que os indígenas ultrapassassem áreas de segurança delimitadas com antecedência. "O acordo com o movimento indígena, que reúne lideranças de diferentes etnias do país, era que os cerca de 5 mil manifestantes chegassem apenas até a Avenida José Sarney, anterior à Avenida das Bandeiras, que fica próxima ao gramado do Congresso. Mas, parte dos indígenas resolveu avançar o limite", disse a Câmara, em nota.
Já a Presidência do Senado afirmou que o avanço dos manifestantes foi "inesperado" e houve a necessidade de contê-lo "sem grandes intercorrências". "A Presidência do Congresso Nacional reforça seu respeito aos povos originários e a toda e qualquer forma de manifestação pacífica. No entanto, é indispensável que seja respeitada a sede do Congresso Nacional e assegurada a segurança dos servidores, visitantes e parlamentares", informou.
Em nota, a Polícia Militar do Distrito Federal destacou que, durante toda a semana, realizou o acompanhamento e policiamento das manifestações. O Correio tentou contato com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal para questionar se foram os policiais militares a disparar spray de pimenta contra a deputada Célia Xakriabá. Não houve retorno. A reportagem procurou, ainda, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), mas a associação não havia se manifestado até o fechamento desta matéria.
Com informações do CB
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