Em uma das secas mais prolongadas, os focos se espalham pela vegetação da capital do país. Ontem, 1,2 mil hectares da Flona foram atingido...
Em uma das secas mais prolongadas, os focos se espalham pela vegetação da capital do país. Ontem, 1,2 mil hectares da Flona foram atingidos, segundo o ICMBio. A umidade relativa do ar chegou a 7%, menor índice de todos os tempos
O Correio conversou com brigadistas de dois institutos, que contaram como é a rotina cansativa de combate a focos de incêndio em vegetação. Trabalhando há 14 anos no Ibama, Nivaldo Oliveira Lima, 37, classificou como intenso o cotidiano de enfrentar as chamas. "Desde 1º de junho, temos trabalhado com muito esforço e dedicação", detalhou. O profissional ainda fez o alerta: "Precisamos do apoio da sociedade. Uma parte dos incêndios é causada pela ação humana, principalmente nesta época de seca."
Nas ocorrências de incêndios florestais, Nivaldo descreveu que tudo começa com a organização da equipe. "Trabalhamos com um planejamento, analisando o mapa, as condições climáticas e para qual lado o vento está soprando", explicou. "A sensação de estar em uma mata fechada diante do fogo é terrível, por isso, todos os anos fazemos cursos de aperfeiçoamento. É uma profissão que exige constante atualização, mas, a cada incêndio combatido, a sensação de dever cumprido e de ter salvado vidas compensa o esforço", detalhou.
Brigadista do Ibram, Gilberto Crosóstemo, 44, afirmou que o período atual é crítico no que diz respeito aos incêndios. "Tem sido um ano de muita luta. Estamos saindo de um incêndio e entrando em outro", lamentou, enfatizando que enfrentar o fogo de perto é perigoso e envolve riscos químicos, físicos e biológicos. "Isso causa desgastes físicos e situações de vulnerabilidade para a equipe, mas não impede que trabalhemos. Os brigadistas permanecem motivados", garantiu.
De acordo com Gilberto, a missão é árdua, mas gratificante. "Independentemente da intensidade do fogo, sabemos que nossa chegada ajuda a amenizar os danos do incêndio, preservar a natureza e reduzir a poluição", ressaltou o brigadista.
Combate às chamas
Somados os recursos humanos, o Distrito Federal conta, atualmente, com pouco mais de 5 mil pessoas que arriscam a vida para apagar incêndios em vegetação. O mais recente deles atinge, desde a manhã de ontem, a Floresta Nacional (Flona), na altura do Incra 7. Militares do CBMDF estão agindo no local, junto com brigadistas do ICMBio. Segundo informações do instituto, enviadas ao Correio no início da noite, cerca de 1,2 mil hectares já foram atingidos.
A suspeita é de que o incêndio tenha sido criminoso. Três pessoas foram vistas no local em que as chamas tiveram início. O CBMDF ressaltou que os profissionais estão em combate para apagar os focos de incêndio, mas a alta temperatura, o tempo seco, o vento e as altas chamas estão dificultando bastante a atuação. Até o fechamento desta edição, não foi confirmado se o incêndio foi debelado.
Doutor em desenvolvimento sustentável pela Universidade de Brasília (UnB), o ambientalista Christian Della Giustina destacou que os incêndios que ocorrem durante o período de seca prejudicam muito a vegetação, principalmente as plantas pequenas, que acabam morrendo. "Com isso, não conseguimos ter uma renovação da vegetação natural e o cerrado acaba sofrendo", alertou. O especialista ressaltou que as queimadas também prejudicam a fauna nativa do Cerrado. "Esses animais acabam morrendo, pois não conseguem fugir das chamas."
A qualidade do ar no DF também é afetada. "Com isso, toda a população sofre por causa do aumento de partículas de fuligem na atmosfera", observou Della Giustina. Por isso, segundo o ambientalista, é preciso focar na educação ambiental. "Temos que alertar sobre os perigos de se colocar fogo na vegetação, em entulhos ou em áreas urbanas. A curto prazo, o melhor cenário é aguardar a chuva, que vai lavar a atmosfera e acabar com os incêndios que estão acontecendo", comentou.
Com informações do CB
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