Descoberta anunciada por cientistas australianos reduz lesões e amputações, além de oferecer um tratamento mais acessível Cientistas da Un...
Descoberta anunciada por cientistas australianos reduz lesões e amputações, além de oferecer um tratamento mais acessível
“Nossa descoberta poderia reduzir drasticamente os terríveis ferimentos causados pela necrose causada por picadas de cobra naja – e também poderia retardar o veneno, o que pode melhorar as taxas de sobrevivência", disse em um comunicado Greg Neely, autor correspondente do estudo e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Sydney.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que entre 4 milhões e 5,5 milhões de pessoas são vítimas de picadas de cobra anualmente, resultando em 81 mil a 138 mil mortes devido a complicações do envenenamento. No Brasil, o Instituto Butantan lidera a produção de soros antiofídicos, que são essenciais para neutralizar os efeitos de picadas de serpentes venenosas.
Cada tipo de soro é desenvolvido especificamente para o veneno de um gênero de serpente. Entretanto, como as najas não são nativas do Brasil, o antídoto para suas picadas não é produzido localmente. Para garantir a segurança dos profissionais que lidam com essas cobras, o Instituto Butantan importa um número limitado de ampolas de soro antiveneno para uso em emergências.
Em outros países, as cobras naja são responsáveis por milhares de mortes anuais e cerca de cem mil pessoas sofrem ferimentos graves causados pela necrose – morte de tecidos e células – devido ao veneno, frequentemente resultando em amputações. O tratamento antiveneno atual é caro e ineficaz no tratamento da necrose no local da mordida.
"As picadas de cobra naja continuam a ser a mais mortal das doenças tropicais negligenciadas, afetando principalmente as comunidades rurais em países de baixo e médio rendimento", alertou Nicholas Casewell, chefe do Centro de Pesquisa e Intervenções sobre Picadas de Cobra da Escola de Medicina Tropical de Liverpool, que também participou do estudo.
A pesquisa utilizou a tecnologia CRISPR, uma ferramenta de edição de DNA, para identificar genes humanos essenciais para a ação do veneno de cobra, focando nas enzimas necessárias para a produção de heparina. Isso permitiu aos cientistas adaptar a heparina e moléculas relacionadas como um antídoto eficaz contra a necrose causada pelas mordidas de cobra.
Em 2019, pesquisadores usaram uma abordagem similar para identificar um antídoto contra o veneno de uma espécie de água-viva. Atualmente, eles estão concentrados em desenvolver antídotos para picadas de cobras negras australianas. "Nossas descobertas são promissoras, pois os antivenenos atuais são amplamente ineficazes contra envenenamentos locais graves, que resultam em inchaço doloroso e progressivo, bolhas e necrose tecidual ao redor do local da picada", afirmou Nicholas Casewell.
Com informações do CB
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