Foi preso em flagrante na manhã de domingo (16/6) pela Polícia Militar do DF (PMDF) Wederson Aparecido Ananias de Moura, 36 anos, suspeito d...
Foi preso em flagrante na manhã de domingo (16/6) pela Polícia Militar do DF (PMDF) Wederson Aparecido Ananias de Moura, 36 anos, suspeito de assassinar, na tarde do último sábado, Jainia Delfina de Assis, 42. Momentos antes da chegada dos policiais, populares e parentes da vítima agrediram o homem, que teve de ser encaminhado ao Hospital de Base (HB) para passar por exames. Esse é mais um episódio em que uma mulher tem a vida ceifada. Somente neste ano, o DF registrou oito vítimas. A polícia agiu rapidamente e conseguiu colocar os algozes atrás das grades. Atualmente, há apenas um autor não identificado.
À PMDF, o homem confessou o crime e disse que pretendia se entregar. No interrogatório ontem, na 8ª Delegacia de Polícia, na Estrutural, Wederson declarou ao delegado que a vítima teria afirmado que lhe transmitiu HIV, e que essa seria a motivação do crime. A família nega veementemente que Jainia fosse portadora do vírus. Agora, o suspeito, que estava cumprindo prisão domiciliar desde novembro de 2022, passará por audiência de custódia, hoje ou amanhã.
Alexandre Patury, secretário executivo de segurança pública, destacou a prisão dos autores identificados e apontou que a pasta tem trabalhado junto ao Judiciário e Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT), à Secretaria de Estado da Mulher (SMDF), à imprensa e à sociedade, como um todo, para que os casos sejam evitados. "Há algumas situações, como nesse caso, em que os crimes, infelizmente, acontecem dentro das casas, onde a polícia, muitas vezes, não tem acesso. E quando se olha a ficha criminal de quem cometeu o feminicídio, percebe-se que era uma pessoa de altíssima periculosidade, que já tinha respondido por crimes gravíssimos, inclusive, contra a própria vítima, mas que estava livre, nesse caso, em prisão domiciliar. Fica difícil quando não se tem o apoio da legislação", disse, ressaltando que a denúncia é o melhor e mais eficiente caminho para evitar esse tipo de violência.
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O crime
O assassinato aconteceu no último sábado. A PMDF foi acionada por volta das 12h50, quando uma criança de quatro anos pediu ajuda a um homem, informando que a mãe estava dormindo sobre uma poça de sangue. No local, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), constatou o óbito. Jainia, que foi morta com duas facadas no pescoço, deixa três filhos, de 19, 15 e criança de quatro anos.
Segundo familiares, Jainia e Wederson viviam, há aproximadamente dois anos, um relacionamento marcado por brigas e agressões físicas, que se intensificavam quando os dois estavam sob o efeito de álcool. Desde 2023, a vítima obteve uma medida protetiva contra o suspeito, que o proibia de permanecer na casa de Jainia, de entrar em contato com ela e com familiares, além de precisar estabelecer um limite mínimo de 300 metros de distância.
A filha mais velha da vítima, Yara Delfina Jorge da Silva, 19, contou ao Correio que a família está aliviada com a prisão, uma vez que todos estavam traumatizados e passaram a noite de sábado bastante nervosos. "Nós estávamos morrendo de medo. Ele sabe onde todo mundo mora, poderia estar em qualquer lugar", declarou a filha. "Que a Justiça seja feita, aquele homem tem que sofrer muito. A gente sabia do passado dele, a ficha dele é muito suja. Minha mãe já sabia. Eu falava: 'sai mãe, esse homem não presta!' Todo mundo cansou de falar com ela e deu no que deu", disse Yara, em meio às lágrimas.
Irmão de Jainia, Jefferson de Assis, 33, acredita que, com a prisão, a família poderá ficar mais tranquila. Sobre a irmã, lamentou que agora a alegria da rua em que ela morava, onde era conhecida por todos, acabou. "Ela era alegre demais, sempre foi assim, era bem conhecida na Estrutural, mas depois que ela o conheceu, todos os amigos se afastaram por causa dele."
Até o fechamento desta matéria, não havia informações acerca do velório e enterro de Jainia.
Ficha criminal
Apontado como principal suspeito de assassinar Jainia, Wederson carrega uma extensa ficha criminal. O homem tinha uma condenação por homicídio e atentado violento ao pudor, por estuprar e matar uma adolescente de 15 anos dentro do sistema de ventilação da estação de metrô Rodoviária do Plano Piloto. Pelos crimes, cometidos em 2006, ele foi condenado a 20 anos de prisão.
O Correio obteve acesso ao prontuário prisional de Wederson, no qual constam 29 ocorrências — sendo 23 delas praticadas, inclusive, dentro do Complexo Penitenciário da Papuda. O réu chegou a comandar o "jogo do bicho" na cadeia, foi preso por tráfico de drogas e também foi um dos incentivadores das rebeliões que ocorreram entre 2006 e 2022 na prisão.
Uma das ocorrências se refere a uma tentativa de homicídio. Na ocasião, Wederson atacou um colega de cela com duas escovas de dente afiadas.
De acordo com investigadores ouvidos pela reportagem, Wederson é considerado um criminoso de alta periculosidade, e inventou várias identidades ao longo da vida criminosa para tentar escapar.
A irmã da vítima, Amélia Rosa de Assis, 36, relatou que já desconfiava do comportamento de Wederson. "Quando chegou a Brasília, ele não tinha documentos, dizia que tinha vindo do Mato Grosso e que não tinha família, ninguém sabia de onde realmente ele era", disse.
Em 10 de junho de 2023, Jainia solicitou a medida protetiva contra o então companheiro, depois de uma briga. Segundo registro, Wederson teria tido uma crise de ciúmes e ficado muito agressivo, tendo desferido tapas e xingamentos contra a mulher. Posteriormente, no entanto, Wederson voltou a morar na casa da família.
Com informações do CB
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