Debate foi realizado na noite desta quarta-feira (1) na CLDF; Embaixador da Jordânia também participou A paz é a nossa opção estratégica e...
Debate foi realizado na noite desta quarta-feira (1) na CLDF; Embaixador da Jordânia também participou
A paz é a nossa opção estratégica e consideramos que para libertar a Palestina temos que estar apegados à resistência popular para não dar oportunidade a esse inimigo, sem escrúpulos, de seguir massacrando nossa gente, de ver nossos filhos, nossas crianças despedaçadas pelo ódio e pelo rancor”. A declaração é do embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Mohamed, que participou na noite desta quarta-feira (1) de uma audiência pública sobre a ‘História e Cultura da Palestina’ na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Na audiência, convocada pela Comissão de Educação, Saúde e Cultura, que é presidida pelo deputado distrital Gabriel Magno, o embaixador Ibrahim Mohamed destacou ainda que a autoridade palestina se ampara no cumprimento do Direito Internacional.
“Nos apegamos ao cumprimento da legalidade internacional e dos acordos. Nós assinamos mais de 100 acordos internacionais, porque respeitamos o Direito Internacional e sabemos que é a única base que deve ser implementada para resolver todos os conflitos. Somos contra a violência de qualquer tipo e esta posição é um reflexo das raízes culturais que tem a Palestina. Nunca invadimos ninguém, fomos invadidos 57 vezes e seguimos resistindo às invasões e resistimos, nunca perdemos o norte de cair na violência ou na vingança. Essa guerra foi imposta a nós por sete décadas de repressão”, disse o embaixador, que vive há 15 anos no Brasil.
Ibrahim Mohamed agradeceu a solidariedade do povo brasileiro à causa palestina e reforçou no discurso que a Organização para a Libertação Palestina (OLP) “é o único e legítimo representante do povo palestino, criada em 1964 não abrimos mão de seis décadas de luta, de acumulação de experiencias e de reconhecimento. E não abrimos mão de criar nosso Estado soberano”.
Durante a audiência pública, que também reuniu o embaixador da Jordânia, Maen Masadeh, e o representante da Embaixada da Tunísia, Hassan Saldan, os pedidos de cessar-fogo e o rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Israel deram a tônica.
“Palestina livre é mais que uma palavra de ordem, é um grito e um canto por liberdade e por justiça, uma tarefa do conjunto da humanidade”, observou o deputado distrital Gabriel Magno, que presidiu a audiência.
Até 31 de outubro, conforme dados divulgados pela Liga dos Estados Árabes no Brasil, o massacre de Israel contra o povo palestino já matou mais de 8.525 pessoas, incluindo 3.425 crianças em Gaza.
“Não vai ter outra Nakba”
“Todos os dias amanhecemos para ver nossos filhos, para tomar café da manhã, porém agora todos os dias acordamos para ver quantos palestinos foram mortos, é um alarde, a Palestina virou números. Ontem (31/10) foram 1800, hoje (1/11) foram 700. Isso é contínuo, uma situação diária. Então eu falo para vocês e para o mundo: não vai ter outra Nakba. Os palestinos não vão sair da terra deles. Qualquer coisa que aconteça, nós estaremos na nossa terra”, observou o embaixador da Jordânia no Brasil, Maen Masadeh. O país declarou nesta quarta que vai retirar seu embaixador de Israel imediatamente diante do massacre.
O Embaixador destacou ainda o não cumprimento da legislação internacional por Israel. “Por que o mundo não vai até Israel e falam: acabem com isso!? Todas as vidas palestinas importam, assim como a vida dos israelenses, não aceitamos sermos tratados dessa forma”, destacou Maen Masadeh, ressaltando que o povo palestino “quer o seu país, na sua terra, por direito e não por aclamação”.
“A Tunísia sempre deu apoio à Palestina para ter seu direito completo na sua terra. Eu sou de um povo que viveu uma colonização e meu povo lutou contra essa colonização por um período de 70 anos e a gente sabe que a causa justa sempre vence no final e a Palestina vai vencer”, destacou o representante da Embaixada da Tunísia, Hassan Saldan.
Genocídio televisionado
Ana Prestes, do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), destacou os desafios diante do massacre e apontou que a cobertura da ‘mídia corporativa’ é uma das barreiras para que as pessoas se sensibilizem com a causa palestina. “Desinforma e manipula a opinião pública, faz um desserviço ao que está acontecendo desde o primeiro minuto de 7 de outubro”, observou.
Em um dos discursos mais incisivos da audiência, a secretária de Juventude da Federação Árabe Palestina (Fepal) e integrante do Comitê de Solidariedade à Palestina do DF, Maynara Nafe, apontou que esse é o primeiro genocídio televiosionado da humanidade.
“Não se trata de uma guerra, se trata de um massacre. Estamos diante do primeiro genocídio televisionado da história da humanidade. Liguem a TV de vocês, o entretenimento da noite é a morte do meu povo, que vive sobre um regime de apartheid em pleno seculo 21, que está sob um regime colonial há 76 anos, mas quando olham pra nós dizem que somos os terroristas, e que nós atacamos e que somos os culpados pelo nossa própria morte”, enfatizou.
Maynara destacou ainda que o povo brasileiro deve exigir que o Brasil corte relações com Israel. “É obrigação de nós brasileiros exigirmos que nesse momento o Brasil corte relações com o único colonizador do mundo. Nós estamos vivendo uma situação crítica e se deixarmos isso acontecer, passaremos uma mensagem de que as vidas de povos oprimidos do mundo valem menos”, convocou a secretária de Juventude da Fepal.
Mais de quinze pessoas se manifestaram no plenário durante a audiência pública, a maioria destacou a situação do apartheid, as imposições e limitações ao povo palestino por Israel e denunciaram o genocídio.
“Israel goza de impunidade, de cumplicidade internacional, o genocídio, o apartheid só vai acabar se a cumplicidade acabar e por isso é tão importante pressionar o governo brasileiro para romper com esses vínculos de cumplicidade, é urgente que o Brasil convoque seu embaixador, é urgente que Lula declare que não vai promulgar os acordos vergonhosos assinados por Bolsonaro com Israel na área de segurança e militar. Assim como o mundo isolou a África do Sul no apartheid, nós temos que isolar o apartheid israelense. Se isso não acontecer, ficará na história a cumplicidade do Brasil com esses crimes”, apontou Pedro Charbel, membro do Comitê Nacional Palestino de BDS (Campanha Global de Boicote, Desinvestimento e Sanções).
:: Comitê pró-Palestina do DF divulga agenda de atividades pelo cessar-fogo imediato e pela paz ::
Também participaram do debate, representantes do Partido dos Trabalhadores, Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Central Única dos Trabalhadores (CUT-DF), Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Telesur, Rede Nacional de Diversidade Religiosa e Laicidade.
“O que eu peço é além do cessar-fogo, é uma Palestina com autonomia, com soberania, com direito de ir e vir, que tenha água para consumir, com acesso a sua produção, com a liberdade de circulação, que termine o muro da vergonha que divide a Palestina, que termine com as colônias, que foram construídos nos últimos anos e avançando em território. O que eu peço, é que meu povo tenha o direito de viver, que a gente consiga sobreviver”, pediu a vice-presidenta da Fepal, Fátima Ali.
Agenda de mobilização e solidariedade
O Comitê de Solidariedade à Palestina do Distrito Federal divulgou uma agenda de atividades de mobilização pelo cessar-fogo imediato e pelo fim dos acordos de cooperação entre Brasil e Israel.
Programação
02/11 – 10h – Ato na Embaixada dos EUA
04/11 – 10h – Ato na Feira da Ponta Norte
08/11 – 17h - Panfletagem na Rodoviária do Plano Piloto
12/11 – 10h – Caminhada no Eixão, da 108N até 112N
Com informações do Brasíl de Fato
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