Pinocchio", "Os orixás" e "A bela adormecida", que marcam diferentes épocas na trajetória de 50 anos do grupo, se...
Pinocchio", "Os orixás" e "A bela adormecida", que marcam diferentes épocas na trajetória de 50 anos do grupo, serão encenados no Centro Cultural do Minas
Ao longo de 2022 e também neste ano, o grupo Giramundo esteve empenhado em reconstruir e levar de volta aos palcos espetáculos que marcaram sua trajetória. Um resultado desse investimento é a pequena mostra retrospectiva que será apresentada neste fim de semana, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, com as montagens de “Pinocchio”, nesta sexta (10/11); “Os orixás”, amanhã, e “A bela adormecida”, no domingo.
É um exercício dessa capacidade recente de termos um repertório ativo”, diz o diretor-presidente do Giramundo, Marcos Malafaia. “Hoje, contamos com 10 espetáculos ativos, o que não é um fato comum para as companhias de teatro de bonecos, porque há várias dificuldades, sendo a principal delas a manutenção dos bonecos em funcionamento e da equipe ensaiada”, afirma.
“Com essa versão de 1976, o Giramundo, já bem cedo, se diferenciava dentro do universo do teatro de bonecos no Brasil, com o desenho do (fundador do grupo) Álvaro Apocalypse (1937-2003) bem marcado, distante do simplismo do teatro de bonecos sul-americano da época, com elementos mais complexos, mais avançados, com muita ironia, uma coragem propositiva, uma audácia nos textos”, aponta.
EQUIPE NOVA
“Os orixás”, que estreou em 2001, foi o último espetáculo capitaneado por Apocalypse. “Remontamos agora com a participação de Sérgio Pererê e Maurício Tizumba na trilha sonora e com um elenco de cantores e atores negros, então o espetáculo ganhou uma força visual, musical e simbólica grande, pela energia da equipe nova. Ficou muito impactante”, comenta.
Já “Pinocchio”, de 2005, que contou com as vozes de Eduardo Moreira, Chico Pelúcio, Inês Peixoto, Teuda Bara e mais integrantes do Grupo Galpão, foi a primeira montagem do grupo sem a presença do mestre. Malafaia aponta que foi o espetáculo responsável por manter o Giramundo de pé e, ao mesmo tempo, representou um ponto de virada, na medida em que propunha novos caminhos.
“Álvaro e Tereza (Veloso, sua esposa, cofundadora do grupo) faleceram num intervalo de tempo muito pequeno, de seis meses, então muita gente achou que isso seria o fim do Giramundo, mas a nova diretoria manteve o grupo ativo, adotando uma forma híbrida, com o teatro de bonecos e o cinema de animação conjugados em 'Pinocchio', por exemplo”, diz Malafaia.
Ele observa que é um espetáculo que se descola um pouco das proposições de Apocalypse. “É uma leitura do teatro de bonecos sintonizada com correntes bem contemporâneas, voltado para o público adulto. Farnese de Andrade foi uma inspiração muito forte, assim como Marcel Duchamp, com as instalações de arte contemporânea, o desenho da cenografia e dos bonecos muito influenciado pela matéria e menos pela previsão da forma, o que Álvaro prezava muito”, destaca.
Tratou-se, conforme aponta, de uma ruptura, no sentido de o grupo abandonar a previsão de um design de bonecos e sair em busca de referências de improviso, inclusive no que diz respeito às trilhas sonoras, que se distanciaram do classicismo que era marca registrada de Apocalypse e se aproximaram de artistas como John Cage e o grupo O Grivo.
Ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda pelo site Eventim e na bilheteria do teatro, que funciona a partir de 12h, até 30 minutos após o início do espetáculo.
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