A necessidade de uma norma legal para regulamentar o regime de teletrabalho nos diversos órgãos e secretarias do Governo do Distrito Feder...
A necessidade de uma norma legal para regulamentar o regime de teletrabalho nos diversos órgãos e secretarias do Governo do Distrito Federal foi debatida nesta sexta-feira (05) em audiência pública da Câmara Legislativa. O regime de teletrabalho foi implementado pelo GDF durante a pandemia de Covid-19, mas foi revogado em fevereiro deste ano.
Segundo pesquisa apresentada pela servidora da carreira socioeducativa Lude Marieta, a adoção do teletrabalho pelo GDF durante a pandemia trouxe diversos benefícios para o governo e para os servidores. “Tivemos um aumento de produção de mais de 53% de documentos gerados no SEI no período de teletrabalho em comparação com o presencial. Observamos isso em vários órgãos e secretarias do governo. O número de licenças médicas e de servidores afastados também caiu. A maior parte dos servidores recebem bons feedbacks de seus chefes imediatos. A pesquisa aponta que mais de 90% dos gestores entrevistados querem que seus servidores façam teletrabalho”, apontou.
Representando o Sindicato dos Servidores e Empregados da Administração Direta, Fundacional, das Autarquias, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista do DF (Sindser), Francisco Alves lembrou que o teletrabalho também traz melhorias para a sociedade como um todo. “É preciso ressaltar que uma das consequências positivas do teletrabalho foi o impacto no trânsito do DF”, observou.
Para o presidente do Sindireta, que representa servidores da administração direta, autarquias, fundações e do Tribunal de Contas do DF, Ibrahim Yusef, a segurança jurídica em relação ao teletrabalho só virá com uma lei específica. “Esta Casa precisa fazer uma lei para resguardar ao servidor público o direito ao teletrabalho”, afirmou.
A forma como se deu a revogação do teletrabalho pelo GDF em fevereiro foi criticada por Silene Almeida, da Associação dos Servidores da Saúde. “A vice-governadora foi muito mal-aconselhada, foi pautada por mentiras quando decretou o fim do teletrabalho. Disseram que havia médicos em teletrabalho, mas esqueceram de dizer que esses médicos eram reguladores. Se pudemos fazer o primeiro mutirão de cirurgias foi graças à equipe de regulação”, explicou.
Silene também destacou a economia para os cofres públicos decorrente do regime de teletrabalho. “No primeiro quadrimestre de 2020 foram economizados 36 milhões com teletrabalho. Dinheiro que poderia ir para o Sol Nascente, para a Estrutural ou para tantas comunidades que precisam. Economia com combustível, material de expediente, material de informática, serviços técnicos, apoios, redução de consumo de água e energia. O Estado não pode abrir mão de uma economia tão grande”, defendeu.
CLDF e TCDF
Para o presidente da Associação dos Servidores do TCDF, Mikhail Eirado, o regime de teletrabalho já se mostrou eficaz durante a pandemia. “A sociedade não ficou desamparada durante a pandemia. Ficamos em casa trabalhando, até mais do que presencialmente”, afirmou.
Alaíde Oliveira do Nascimento, chefe da assessoria de governança legislativa da Câmara Legislativa, também enalteceu as vantagens do teletrabalho e destacou a importância desse regime para as mulheres. “Além de trazer economia, produtividade e sustentabilidade, o teletrabalho garante que as pessoas possam dividir as jornadas de trabalho doméstico. Sabemos que as mulheres hoje precisam muitas vezes trabalhar fora, cuidar da casa, dos filhos e ainda estudar. A inclusão e equidade são perspectivas fundamentais do teletrabalho”, observou.
Coube ao secretário geral de administração do TCDF, Paulo Cavalcante de Oliveira, fazer ponderações sobre o regime de teletrabalho. “É uma matéria difícil. É difícil conjugar o interesse do servidor com o interesse da instituição. No tribunal nós fizemos um acordo sobre o teletrabalho entre o servidor e seu superior com metas e acompanhamento. É preciso uma regra clara entre servidor e chefe. A pessoa só pode ficar em casa se seu trabalho permitir. Não é uma questão de ficar em casa porque tem direito ao teletrabalho. A natureza da tarefa é que vai definir quem pode ou não aderir”, enfatizou.
Executivo
Representando o GDF, o secretário executivo de relações parlamentares, Maurício Carvalho, foi cauteloso ao abordar o tema. “O teletrabalho deve ser colocado de forma produtiva, não só para os servidores com relação à sua saúde e desempenho, mas também em relação à sociedade que contribui e é nosso principal cliente. Além disso, precisamos de instrumentos de mensuração e métrica. Por fim, há uma linha de trabalho que não pode deixar de fazer atendimento direto ao público”, observou. O secretário executivo se comprometeu a levar os pontos discutidos na audiência pública para o GDF.
Agência CLDF
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