Com apenas 18 anos, o jovem teve os sonhos interrompidos pela crueldade humana. Ontem, a Polícia Civil do DF prendeu dois acusados pelo cr...
Com apenas 18 anos, o jovem teve os sonhos interrompidos pela crueldade humana. Ontem, a Polícia Civil do DF prendeu dois acusados pelo crime e investiga a participação de uma terceira pessoa
Nascido no Rio Grande do Sul, Bernardo veio para o DF ainda criança, aos 2 anos. Toda a infância foi vivida na Asa Norte, onde fez vários amigos e deixou o legado de humildade, boa convivência e parceria. Há cerca de um ano, Bernardo e a mãe se mudaram para Águas Claras. O jovem achou que a ideia não seria tão boa, mas se surpreendeu com a nova casa. "Não imaginei que ele fosse gostar tanto. Ele começou a malhar e me dizia: 'mãe, não sabia que eu iria amar essa cidade'. Estava numa fase de se arrumar, de estar bonito o tempo inteiro e de se preocupar em manter uma alimentação saudável", relata Andréia.
Mesmo com a personalidade reservada, Bernardo sentia prazer em estar com amigos e fazer novas amizades. No prédio onde morava, ele conhecia todos os porteiros e os cumprimentava diariamente. "Ele tinha essa atenção com as pessoas e tratava a todos de maneira igual. Não tinha guerra e nem brigava com ninguém", diz a mãe.
Sonhos
O 2 de setembro deveria ser uma das datas mais alegres da vida de Bernardo. Foi nesse dia que ele resolveu pedir uma jovem em namoro. Era a primeira namorada, o primeiro amor e o primeiro beijo. Os dois se conheceram por meio de um amigo e, naquela sexta-feira, era o 9º encontro do casal.
Durante o ensino médio, Bernardo estudou no Colégio Militar de Brasília (CMB) e, no ano passado, ao se formar, concentrou os estudos em busca da aprovação no vestibular de medicina. De segunda-feira a sexta-feira, era raro ver o jovem sair de casa. Dentro do quarto ou ao lado da namorada, ele se dedicava a conquistar o sonho de trabalhar no Médico sem Fronteiras.
No dia do crime, Bernardo saiu de casa por volta das 14h. Foi o último encontro entre mãe e filho. O alerta de Andréia era para que ele voltasse cedo. Da porta, o jovem retornou, foi até a mãe e deu um beijo no rosto de despedida. "Estou marcado de batom, mãe? Você sempre me deixa marcado", teria dito Bernardo. Foram as palavras finais antes de uma tamanha tragédia.
Às 21h45, Andréia enviou uma mensagem ao filho pedindo para que ele não demorasse. Nessa hora, Bernardo estava na companhia da namorada, conversnado numa pracinha. Imagens do circuito interno de segurança mostraram o momento em que o criminoso rende o casal e desfere a facada no peito do jovem. Em desespero, a namorada de Bernardo corre em busca de ajuda.
Andréia recebeu a triste notícia pelos amigos. Inicialmente, ela imaginou que o filho teria apenas se machucado e levou roupas e calçados ao hospital. Logo na entrada, foi informada pelos médicos de que o jovem não resistiu aos ferimentos. Será difícil esquecer as risadas, as brincadeiras e o bom humor do filho. "O Brasil, como chamavam ele, sempre falava para sermos nossa melhor versão. É muito difícil, mas vou reencontrá-lo", finalizou.
Prisão
Dez dias após o assassinato de Bernardo, investigadores da 26ª DP prenderam os dois homens acusados de cometer o crime. O próximo passo da investigação é identificar o envolvimento de um terceiro indivíduo que ajudou na fuga dos criminosos e rastrear os receptadores dos pertences furtados.
Com passagens por receptação, o autor do golpe, de 23 anos, nega a autoria do crime. No entanto, o comparsa dele, 25, confessou o envolvimento. Os dois assaltantes vão responder por latrocínio consumado e roubo. Somadas as penas, eles podem pegar mais 50 anos de prisão.
Com informações do CB
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