Levantamento realizado pelo Correio identificou a desigualdade dos patrimônios declarados pelos concorrentes à Câmara dos Deputados. Os tr...
Levantamento realizado pelo Correio identificou a desigualdade dos patrimônios declarados pelos concorrentes à Câmara dos Deputados. Os três candidatos mais ricos acumulam 63,5% do montante declarado por todos os postulantes
Mesmo quando é considerada a média geral dos candidatos, R$ 2,1 milhões, o valor continua distante da realidade da maioria do eleitorado. De acordo com os dados da Pnad Contínua Trimestral do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 12 de agosto deste ano, o DF tem a maior média salarial do país — R$ 4.446. Um morador da capital federal teria que trabalhar quase 40 anos, sem gastar um real, para acumular a fortuna média que os três mais ricos declararam ao TSE.
No entanto, as apresentações de bens dos postulantes à Câmara dos Deputados refletem a desigualdade de Brasília. Os três mais ricos têm patrimônios que somam mais de R$ 270 milhões, respondendo por 63,5% do total dos R$ 426,5 milhões informados por todos os 204 candidatos ao cargo de federal. Além desses, 43 declararam bens que superam R$ 1 milhão, enquanto 56 informaram não ter patrimônio. Com essas disparidades, os mais ricos elevam a média do patrimônio dos concorrentes, fenômeno similar ao que ocorre com o cálculo da renda média dos brasilienses.
De onde vêm as fortunas
Dos 204 candidatos, 161 declararam ter ensino superior completo. A principal ocupação informada ao TSE foi a de empresário — identificada por 26 postulantes, seguida por advogados, que são 20.
Outra atividade em destaque está relacionada às forças de segurança, com 27 nomes. São dois policiais civis, 11 policiais militares, sete bombeiros militares, três membros das Forças Armadas e quatro militares reformados.
Segundo informações do TSE, entre o patrimônio informado para o pleito de 2022 estão aplicações em renda fixa que, somadas, ultrapassam os R$ 43 milhões, uma casa no valor de R$ 16 milhões e R$ 25 mil em espécie.
Em outubro de 2020, José Gomes teve o mandato de deputado distrital cassado pelo TSE após acusações de abuso de poder econômico e coação eleitoral. Áudios gravados por um primo do parlamentar foram usados como prova de que ele estaria chantageando e ameaçando funcionários da empresa Real JG para conseguir votos durante a campanha de 2018. À época, ele era filiado ao PSB, mas foi expulso do partido. Além da perda do mandato, José Gomes foi condenado a quatro anos de prisão.
Apesar da cassação, o deputado permaneceu com o mandato na Câmara Legislativa em função de uma liminar do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em abril deste ano, Toffoli suspendeu a condenação contra José Gomes, decisão que o tornou elegível o pleito de 2022.
Segundo a assessoria de comunicação do candidato, ele segue exercendo o seu mandato, está elegível e, portanto, apto a participar. "Ele segue trabalhando em prol da população do Distrito Federal e otimista quanto ao resultado de sua candidatura a deputado federal", dizia a nota. A assessoria não comentou o aumento no valor dos bens.
O segundo lugar com maior patrimônio declarado é ocupado por Adriana Mangabeira Wanderley (PSD), com patrimônio de R$ 77.064.788,49. No site do TSE, R$ 75 milhões estão listados como "outros bens e direitos".
É a primeira vez que a advogada e triatleta alagoana concorre a um cargo público. Adriana é quatro vezes vencedora do Ironman, uma das maiores competições de triathlon do mundo. Ela ocupa a 29ª posição na lista de candidatos mais abastados do país.
Finalizando o pódio dos mais ricos está o advogado mineiro Paulo Roque (Novo), com R$ 65.291.195,10. Entre os valores declarados estão mais de R$ 3 milhões em depósitos no exterior, R$ 4 milhões em previdência privada da modalidade VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) e outros investimentos que, somados, ultrapassam os 50 milhões.
Em 2018, Roque tentou uma cadeira no Senado pelo DF, mas não obteve votos suficientes. Naquele ano, ele declarou ao TSE um total de R$ 33.315.962,84 — quase a metade do declarado neste ano. Este ano, o advogado pretendia novamente se lançar ao Senado, pela chapa de José Antônio Reguffe, mas com o fim do projeto de Reguffe, Roque desistiu e decidiu concorrer à Câmara dos Deputados. No ranking nacional de candidatos mais ricos no pleito de 2022, ele ocupa a 34ª posição.
Com informações do CB
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