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Mikhail Gorbachev, último líder da União Soviética, morre aos 91 anos

  Ex-comandante da URSS é conhecido por ter permitido que o regime comunista terminasse sem violência em seu país. Em 1990, ganhou o Nobel d...

 


Ex-comandante da URSS é conhecido por ter permitido que o regime comunista terminasse sem violência em seu país. Em 1990, ganhou o Nobel da Paz.

Mikhail Gorbachev, último líder da União Soviética, morreu aos 91 anos em Moscou, informaram agências locais nesta terça-feira (30). Responsável por implantar o processo de abertura política na então potência comunista e por negociar com os Estados Unidos o fim da competição por armamento nuclear, ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1990.

“Mikhail Sergeevich Gorbachev morreu esta noite após uma doença grave e prolongada”, informou o Hospital Clínico Central da Academia Russa de Ciências.

Ele será enterrado no cemitério Novodevichy, em Moscou, em um túmulo familiar ao lado de sua esposa. De acordo com o portal local Mash, na véspera de sua morte, Gorbachev foi ao hospital para fazer hemodiálise.

Gorbachev é mundialmente conhecido como o homem que acabou com a Guerra Fria sem violência, mas muitos russos o condenavam por ter iniciado as ousadas reformas de abertura (Perestroika e Glasnost) que levaram ao colapso da URSS, dando início a um período economicamente difícil para os países que dela se desmembraram.

Um dos críticos mais contundentes do atual presidente Vladimir Putin, ele concorreu na eleição presidencial em 1996, mas se saiu muito mal.

O atual presidente da Rússia expressou seus pêsames pela morte de Gorbachev, segundo informações de um porta-voz do governo russo à agência Interfax.

Gorbachev lançou um livro de memórias em novembro de 2012 e lamentou na ocasião não ter levado a União Soviética a um “bom porto

Ele perdeu duas irmãs e um tio durante um período de fome no país em 1933. Seus pais eram agricultores e ele ajudou-os no sustento durante a adolescência.

Gorbachev se formou em direito na Universidade de Moscou em 1955 e estendeu a formação acadêmica em 1967, quando completou o curso de economia agrícola por meio de um curso por correspondência.

Na universidade, Gorbachev conheceu Raisa Titarenko, com quem se casou em 1953. Raisa morreu em 1999 em decorrência de leucemia. Os dois tiveram a filha Irina Mikhailovna Virganskaya em 1957.

Trajetória política

Durante o período em que esteve na Universidade de Moscou, ingressou no Partido Comunista e se tornou membro ativo da legenda, escalando cargos mesmo jovem. Foi nomeado chefe de departamento em 1963 e, em 1970, chegou ao cargo de primeiro-secretário regional em Stavropol.

Gorbachev entrou no comitê central do Partido Comunista em 1971. Ele continuou a ascensão política e, em 1979, foi promovido ao Politburo, órgão que representava a maior autoridade da União Soviética.

Ele viajava constantemente pelo mundo, e na década de 1980 se encontrou com líderes como a premiê britânica Margaret Thatcher, o premiê canadense Pierre Trudeau e o presidente americano Ronald Reagan.

Em 1985, após a morte de Konstantin Chernenko, Gorbachev foi eleito secretário-geral do Politburo, mesmo sendo o mais jovem da organização.

Jornal Nacional: encontro entre Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchov (1987)
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Jornal Nacional: encontro entre Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchov (1987)

Liderança da União Soviética

No ano seguinte, Gorbachev anunciou uma série de reformas que visavam revitalizar a União Soviética. Perestroika (reestruturação) e glasnost (abertura) são algumas das medidas que acarretaram maior abertura política e econômica do estado soviético.

Com a reorganização que incluiu um novo Congresso, a União Soviética teve em 1989 as primeiras eleições desde 1917. Gorbachev foi eleito presidente e tomou posse em 1990, ano seguinte à queda do muro de Berlim.

No mesmo ano, recebeu o Nobel da Paz por “seu papel no processo de paz que hoje caracteriza partes importantes da comunidade internacional”, segundo disse a entidade na ocasião. Ultimamente ele presidia a Fundação Gorbachev, dedicada a programas de caridade e à educação.

Fim da URSS (1991)
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Fim da URSS (1991)

Durante seu governo, Gorbachev promoveu uma relação mais próxima com o Ocidente e, em uma série de encontros de alto nível, se reuniu com o então presidente norte-americano Ronald Reagan. Os dois acertaram acordos de desarmamento nuclear.

Em agosto de 1991, a ala dura do Partido Comunista promoveu um golpe dentro da própria legenda. Ele foi mantido refém por três dias e, ao ser libertado, se demitiu e dissolveu todos os partidos do governo - o que, na prática, acabou com o regime comunista da União Soviética.

Em 8 de dezembro, em Minsk, os presidentes de Belarus, Rússia e Ucrânia declaravam a dissolução da União Soviética e, no dia 25, Gorbachev deixava o cargo.

Seu rival Boris Yeltsin tornou-se presidente, e nações que compunham a URSS iniciaram o processo para ficar independente, começando pela Ucrânia.

Mikhail Gorbachev exibe o decreto renunciando ao controle de armas nucleares ao presidente russo Boris Yeltsin após sua assinatura no Kremlin em Moscou em 25 de dezembro de 1991, — Foto: Arquivo AP

Mikhail Gorbachev exibe o decreto renunciando ao controle de armas nucleares ao presidente russo Boris Yeltsin após sua assinatura no Kremlin em Moscou em 25 de dezembro de 1991, — Foto: Arquivo AP

Após a União Soviética

Gorbachev tentou voltar para a política, mas não conseguiu resultados expressivos. Ele concorreu à eleição presidencial em 1996 e fracassou.

Desde 1993, presidia a organização ecológica Cruz Verde Internacional e fazia, de maneira regular, conferências pelo mundo.

Em março de 2012, ele propôs relançar seu partido social democrata na esperança de unir os grupos de esquerda que se opõem a Vladimir Putin.

Com informações do G1

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