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CNS defende maior capacidade industrial para combater falta de remédios

  Em reunião ordinária nesta quarta-feira, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) debateu maneiras de enfrentar o desabastecimento Há meses, far...

 


Em reunião ordinária nesta quarta-feira, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) debateu maneiras de enfrentar o desabastecimento

Há meses, farmácias e unidades básicas de saúde de todo o país têm enfrentado um apagão de alguns remédios, como dipirona, antibióticos, soro e diuréticos. O desabastecimento de medicamentos afeta prefeituras, hospitais públicos e também a rede privada, pacientes têm relatado dificuldades na aquisição de medicamentos e a rede de atendimento não consegue suprir a demanda.

Em reunião ordinária na útima quarta-feira (20/7), o Conselho Nacional de Saúde (CNS) debateu maneiras de enfrentar o desabastecimento. A implementação de um Complexo Econômico Industrial foi apontada como alternativa para resolver o problema, com o desenvolvimento do segmento secundário da economia, a exemplo das indústrias de base química, biotecnológica, mecânica e de materiais.

“Temos que colocar a saúde e sua base econômica, produtiva e tecnológica como grande aposta para o Brasil superar a dependência gritante que temos do mercado externo”, avaliou o pesquisador do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz (Daps/Ensp), Carlos Gadelha, que conduziu a reunião.

Um Complexo Econômico Industrial garantiria autonomia ao mercado brasileiro, mas é uma resolução a longo prazo para um problema urgente. A escassez destes medicamentos é resultado de muitos fatores, como o não acesso às matérias primas (Ifa’s) no mercado internacional, pressão pelo aumento dos preços por parte da indústria farmacêutica, além do desfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) determinado pela Emenda Constitucional 95/2016, que congelou investimentos em Saúde até 2036.

Segundo Silvio Pereira, CEO da Pharbox, primeira farmatech brasileira, o Brasil tem basicamente três polos industriais farmacêuticos, no interior de São Paulo, em Anápolis, em Goiás e em Minas Gerais. "Frequentemente vemos produtos onde apenas uma ou duas indústrias possuem registro e autorização para produção, e concentrando grande parte do consumo nacional. Qualquer ruptura nessa cadeia de produção afeta o nosso país, que tem um volume de consumo continental refém. Somente com novos players e novos registros podemos aumentar a concorrência na produção industrial”, disse.

Quase 95% dos medicamentos no país dependem de matéria-prima originária, principalmente, da China, que teve as exportações afetadas porque está mais uma vez em lockdown para conter a nova onda de casos de covid. Além da maior dificuldade para a chegada de insumos ao país, tivemos uma espécie de efeito dominó, pois outros produtos que estavam faltando exigiram mais dedicação da indústria, acarretando a redução na fabricação de outros produtos", observou o CEO da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sérgio Mena Barreto.

O governo federal já vinha sendo alertado pelos secretários municipais de Saúde, mas a situação se agrava a cada dia. Um levantamento recente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), feito com 2.469 prefeituras, constatou que mais de 80% dos gestores relataram sofrer com a falta de remédios para atender a população.

Com informações do CB

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