Quase 70 funcionários públicos receberam diploma de formação na língua de sinais nesta quarta-feira (1º). A Escola de Governo já formou ce...
Quase 70 funcionários públicos receberam diploma de formação na língua de sinais nesta quarta-feira (1º). A Escola de Governo já formou cerca de 300 alunos no curso
Atender deficientes auditivos sempre foi um desafio para a médica de tráfego do Departamento de Trânsito do Distrito Federal, Mirtes de Mello. A servidora de 51 anos já presenciou muito constrangimento por não conseguir se comunicar com o público surdo. “Muitas vezes, precisei escrever para entender e ser entendida”, conta.
A busca por um atendimento mais inclusivo motivou Mirtes a se matricular na capacitação em Libras que a Escola de Governo (Egov) oferece a servidores públicos. Nesta quarta-feira (1º), a médica e outros 65 formandos dos cursos básicos 1 e 2 receberam diploma em cerimônia realizada no auditório da instituição.
Precisamos lançar um olhar acolhedor para realidades diferentes das nossas. É uma questão que vai além do social. Em termos práticos, o público surdo precisa receber atendimento tão eficiente quanto outro qualquer”
Depois do curso, sinto que meu contato com o público ganhou muito em qualidade”, celebra a médica. “Outro dia mesmo, atendi um surdo que ficou tão feliz em ver que eu conseguia me comunicar por Libras que disparou a conversar. Precisei explicar que ainda estou aprendendo”, ela conta.
A Egov já capacitou cerca de 300 funcionários públicos na língua de sinais. No segundo semestre, a instituição lançará a formação na plataforma Educação a Distância (EAD). A expectativa é que a modalidade não presencial alcance mais servidores.
“A gente preza muito por capacitações que promovam a inclusão. E o curso de Libras, nesse ponto, é a síntese do nosso trabalho”, ressalta a diretora da Egov, Juliana Tolentino.
De acordo com o secretário de Economia, José Itamar Feitosa, derrubar as barreiras da comunicação com os surdos é essencial para melhorar o acesso ao serviço público. “Precisamos lançar um olhar acolhedor para realidades diferentes das nossas”, afirma. “É uma questão que vai além do social. Em termos práticos, o público surdo precisa receber um atendimento tão eficiente quanto outro qualquer”.
O secretário da Pessoa com Deficiência, Flávio Santos, comemora o interesse dos funcionários públicos no curso de Libras. “Fico impactado ao ver que muitos servidores se preocupam em atender com mais qualidade a comunidade surda”, comenta. “Que outros possam ter o mesmo nível de sensibilidade”.
Acessibilidade comunicacional
Entender a realidade dos deficientes auditivos é fundamental para aprender a linguagem de sinais. Quem ensina é a professora de Libras Alyne Pacífico. “Os alunos chegam ao curso sem ter ideia das dificuldades pelas quais os surdos passam”, avalia. “Quando conhecem as adversidades de perto, a vida desses servidores muda. Muitos mobilizam colegas a se capacitarem também.”
Para o intérprete de Libras da Presidência da República, Fabiano Guimarães, a acessibilidade comunicacional é fundamental para o público surdo. “Os servidores que investem tempo na capacitação em Libras podem ter uma certeza: vocês, por meio de suas mãos, estão construindo uma sociedade melhor”, celebra.
Formação de servidores
A Egov é voltada para a formação de servidores públicos. A instituição oferece cursos presenciais e a distância sobre diversos temas que trazem melhorias para a gestão e o funcionamento da máquina pública.
As principais capacitações desenvolvem técnicas relacionadas à legislação e aos sistemas do governo, além de habilidades comportamentais que auxiliam no atendimento. Em 2021, a escola entregou 13.615 certificações – o Distrito Federal tem mais de 100 mil servidores ativos.
Além do curso de Libras, a Egov tem outra iniciativa voltada para a inclusão social. A escola capacita deficientes visuais a usarem o Sistema Eletrônico de Informações (SEI), importante ferramenta de gestão de documentos e processos do Governo do Distrito Federal (GDF).
Com informações da Agência Brasília
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