A multiplicidade da fé na cidade é resultado das diferentes culturas abrigadas desde antes da inauguração e pode ser conferida na Rota da ...
A multiplicidade da fé na cidade é resultado das diferentes culturas abrigadas desde antes da inauguração e pode ser conferida na Rota da Paz
Em 30 de agosto de 1883, Dom Bosco profetizou o surgimento de uma terra prometida exatamente onde Brasília foi construída anos depois, entre os paralelos 15 e 20. O sonho do sacerdote foi a primeira indicação de que a capital se tornaria uma cidade de fé ecumênica.
A diversidade religiosa candanga é reflexo das diferentes culturas que foram reunidas desde antes da inauguração no quadradinho. “Brasília foi criada para ser uma cidade acolhedora, representando os diversos brasileiros. Cada um trouxe aquilo que tinha, como a sua fé. Brasília soube acolher de forma harmônica as diferentes religiões, que convivem de forma pacífica”, avalia o padre Roger Araújo, responsável pelo Setor de Comunicação da Arquidiocese de Brasília.
“Brasília soube acolher de forma harmônica as diferentes religiões, que convivem de forma pacífica” – Padre Roger Araújo
A Igreja Católica foi a primeira manifestação religiosa a aparecer formalmente na cidade. Em 3 de maio de 1957, celebrou-se a primeira missa da capital, onde hoje está localizada a Praça do Cruzeiro. Depois, em 1960, a Arquidiocese de Brasília foi criada pelo Papa João XXIII e instalada no mesmo dia em que a cidade foi inaugurada.
“A primeira iniciativa de JK antes de Brasília nascer foi fazer a primeira missa. A Igreja sempre caminhou juntamente com a cidade. No dia da inauguração, o Papa mandou uma radiomensagem a seu representante e também nomeou o primeiro arcebispo, Dom José Newton”, lembra o padre.
Crescendo junto a Brasília, já são 154 paróquias espalhadas pelo DF, tendo a Catedral Metropolitana de Brasília, na Esplanada dos Ministérios, como a principal. “A Catedral é como se fosse o primeiro ministério da Esplanada, não relacionado ao serviço do governo, mas porque tudo que se realiza tem que se colocar Deus em primeiro lugar. Ela está ali como esse símbolo”, defende o religioso.
Pastor de um dos templos mais tradicionais da cidade, a Igreja Batista Central de Brasília (IBCB), Ricardo Espindola avalia que a força da espiritualidade na capital tem a ver com o fato de ser o centro do país. “Há um apelo muito grande quando a gente pensa que estamos no coração do país. Acho que Brasília tem um peso que não é só na condução política e econômica, mas acima de tudo, espiritual”, comenta.
A IBCB nasceu sete anos após a inauguração da cidade, com uma congregação pequena no Núcleo Bandeirante criada pelo então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Antônio Vilas Boas. Depois foi transferida para a 603 Sul, comandada pelo pastor Vilarindo Lima. De um barracão com 17 pessoas, hoje a igreja abriga cinco mil fiéis conduzidos pelo neto de Vilarindo, o pastor Ricardo Espindola.
Ao longo dos anos, o território candango viu crescer a fé evangélica. De acordo com o Conselho de Pastores, são aproximadamente cinco mil templos em todo o DF.
“Brasília tem um conjunto de igrejas independentes. Muitas vezes essas igrejas conseguem ter um braço que alcança a comunidade num local muito pequeno. A gente entende a diversidade como uma família, em que cada filho tem uma personalidade. Assim somos nós; há quem se identifica com o mover carismático ou mais tradicional”, afirma o pastor Ricardo Espindola.
Junção de crenças
Com a fundação do Templo da Boa Vontade, na 915 Sul, em 21 de outubro de 1989, Brasília passou a ser reconhecida também pelo ecumenismo, por ser um espaço que acolhe visitantes de todo o mundo independentemente, da fé de cada um deles.
“Nosso templo é conhecido como um espaço de paz que abraça a diversidade de crenças e também de quem não tem religião, mas acredita no bem. O templo está em sintonia com essa atmosfera mística e universal da capital”, analisa a ministra do Templo da Boa Vontade, Marina Kriger.
O local celebra o amor, a caridade e a solidariedade, por meio de preces ecumênicas, meditação e atividades desenvolvidas em áreas específicas, como a nave da caminhada, em que o visitante percorre um trecho para purificação embaixo do Cristal Sagrado – a maior pedra de cristal puro do mundo, com aproximadamente 21 kg. O templo é considerado o monumento mais visitado de Brasília, segundo a Secretaria de Turismo.
A pasta, inclusive, celebra a espiritualidade de Brasília por meio da Rota da Paz, um circuito que apresenta a “Capital da Esperança” com 12 pontos turísticos representativos do tema que celebram diferentes crenças.
O budismo também é uma das religiões que marcam presença na capital, pelo famoso Templo Shin Budista Terra Pura, na 315/316 Sul, que teve a sua criação solicitada diretamente a Juscelino Kubitschek em 1958 pela comunidade budista nipo-brasileira. Cinco anos após o pedido, a Novacap permitiu a construção do prédio. A pedra fundamental foi lançada em 1964, enquanto a inauguração ocorreu em 1973.
Também é possível encontrar na capital federal representantes do islamismo, da umbanda, do candomblé, do espiritismo e de tantas outras formas de fé. A Rota da Paz destaca locais como o Vale do Amanhecer, em Planaltina, fundado em 1969 e que tem como principal característica o sincretismo religioso na Doutrina do Amanhecer; a Mesquita do Centro Islâmico, construída em 1990 na 912 Norte, e a Praça dos Orixás, no Setor de Clubes Sul, que desde 2018 é considerada patrimônio imaterial do DF celebrando as práticas religiosas de matriz africana.
Conheça todos os pontos religiosos da Rota da Paz no tour virtual da Setur.
Com informações da Agência Brasília
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