Andrei Felipe da Silva, do comitê de participação do Conselho Nacional dos Direitos de Crianças e Adolescentes, conclamou os jovens a cont...
Andrei Felipe da Silva, do comitê de participação do Conselho Nacional dos Direitos de Crianças e Adolescentes, conclamou os jovens a continuarem envolvidos nas discussões de políticas públicas
Dezenas de jovens de várias regiões do Distrito Federal ocuparam as cadeiras do plenário da Câmara Legislativa nesta segunda-feira (28) para participarem da conferência livre “Saúde mental e a participação de crianças e adolescentes: construindo caminhos para o protagonismo”. O objetivo do encontro foi promover a cidadania e a conscientização dos jovens por meio de preparativos para as etapas regionais e a etapa distrital da 5a Conferência Nacional de Saúde Mental.
O deputado Fábio Felix (PSOL), que teve a iniciativa de trazer a conferência livre para a sede do Poder Legislativo local, comentou a importância da participação dos jovens na discussão sobre políticas públicas para a saúde mental. “Quando falamos de saúde mental, estamos falando de um direito humano fundamental para o nosso bem estar, e é claro, para o bem estar dos jovens. Ainda temos uma cobertura de atendimento à saúde mental dos jovens muito precária na nossa cidade, mas temos que lutar para fazer valer o que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente, que é muito claro quando diz que esses jovens devem ser tratados pelo Estado com prioridade absoluta”, afirmou o distrital.
Vários jovens usaram o microfone do plenário para expressarem seus anseios e opiniões.Com muita habilidade e desenvoltura, MC Camila, organizadora da Batalha das Gurias, cantou versos improvisados de rap para encorajar os jovens presentes a participarem dos debates. “É porque a revolta é pra quem ama, e eu canto alto até quando minha garganta inflama. A conferência livre pra mim não é mistério, eu quero jovem no Brasil sendo levado a sério”, declamou.
Andrei Felipe Nascimento da Silva, do comitê de participação do Conselho Nacional dos Direitos de Crianças e Adolescentes, conclamou os jovens presentes a continuarem envolvidos nas discussões de políticas públicas. “Será que protagonismo juvenil é só chamar adolescentes para participarem de uma conferência? Não é só isso. Precisamos de um espaço democrático em que sejamos escutados e levados a sério. Dizem que criança e adolescente não sabem debater política, não sabem o que fazem, não sabem escolher o que querem. Nós sabemos o que nós passamos. Só eu, negro periférico, sei como é sair de casa com medo de ser abordado pela polícia ou ser perseguido por seguranças dentro de um shopping center”, afirmou.
Ao longo da conferência, várias propostas foram apresentadas pelos jovens para melhorar a saúde mental de crianças e adolescentes no DF, como a oferta de mais cursos de capacitação para profissionais que atuam nas escolas, a realização de rodas de discussão sobre temas propostos pelos alunos e pedidos para que pessoas em situação de rua ou com transtorno mental não sofram abuso em abordagens policiais.
Para a presidente do Conselho Regional de Serviço Social (CRESS-DF), Karina Figueiredo, trazer os jovens para participar da conferência livre dentro da Câmara Legislativa é uma forma de incentivar a cidadania. “Essa é a casa do povo, e a gente tem que estar aqui. Queremos dialogar e discutir a saúde mental das crianças e adolescentes do DF. É fundamental que eles ocupem esses espaços, pois não se pode fazer nada que envolva o adolescente sem ouvir o próprio adolescente.”, disse.
Rafael Gonçalves, representando o Conselho Regional de Psicologia, lembrou a importância do cuidado com a saúde mental, especialmente num período crítico como é o da pandemia de COVID-19. “Quem não conhece alguém que já precisou de cuidado e atenção por conta dos desafios que enfrentamos na vida ou mesmo por causa de todo o impacto que a pandemia trouxe para a saúde mental? Independentemente da idade e do momento da vida dos jovens presentes aqui hoje, todos juntos podemos mudar a realidade difícil que o país vive”, observou.
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) ressaltou que as políticas públicas precisam ser construídas junto com as pessoas que serão atendidas. “Às vezes eu penso se foi o povo do DF que decidiu gastar milhões e milhões num viaduto em vez de se investir em escolas e hospitais, ou mesmo no metrô. A participação das pessoas é fundamental para construir um processo civilizatório com uma força imensa da cultura de paz”, comentou a deputada.
Eder Wen - Agência CLDF
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