O Compete Brasília tem me ajudado muito nas minhas últimas competições, tanto nacionais quanto internacionais”, conta a jovem. “Consegui passagens para mim, para o meu pai e para o meu sensei [professor, orientador]. Na maioria das vezes a gente vai de avião, mas já fui de ônibus também. Independentemente do meio de transporte, já é uma ajuda.”
Incentivo
Além do Compete Brasília, que só em 2021 investiu R$ 3,3 milhões e beneficiou 1.233 atletas, Bianca Reis, desde 2018, conta com recursos de outro programa, o Bolsa Atleta. Concedido pela Secretaria de Esporte e Lazer (SEL), o benefício consiste em patrocínio mensal para atletas de alto rendimento com bons resultados em competições. No ano passado, foram investidos R$ 2,2 milhões para custear 230 desportistas.
Por causa do Bolsa Atleta, o esporte se banca sozinho. Antes, os custos para treinamento, competições, equipamentos e quimonos eram bancados pela a família ou por meio de almoços e rifas. “A gente não tem que mais tirar do bolso”, lembra o pai de Bianca, Marcos Reis. “No início, era pesado. Quando ela foi para a primeira competição internacional, conseguimos as passagens com o Compete Brasília, mas tínhamos que pagar a inscrição, o hotel, comprar dólar. Fizemos rifa e almoços”.
Com esse auxílio, Bianca e o pai podem ter como foco exclusivo os treinos e a preparação para as competições. A atleta tem levado o nome de Brasília pelo país e pelo mundo. Já conquistou prêmios nas categorias sub 21 e sênior. O sonho, claro, é conseguir um dia a classificação para as Olimpíadas.
Bons resultados
Não vamos medir esforços. Queremos cada vez mais levar os nossos atletas para participar de competições” - Giselle Ferreira, secretária de Esporte e Lazer
Tanto o Compete Brasília quanto o Bolsa Atleta incentivam esportistas de diversas modalidades”, reforça a secretária de Esporte e Lazer, Giselle Ferreira. “Conceder esses traslados é uma contribuição do Estado, porque a gente sabe que essas despesas oneram muito. Poder contribuir com essas alegrias não em preço. Não é um gasto, mas um investimento.”
A gestora ressalta que o Compete Brasília é um “grande orgulho”, inclusive por se tratar do único programa desse tipo entre as todas unidades da Federação. “Estamos tendo muitos resultados positivos”, aponta. “Não vamos medir esforços e, para este ano, já aumentamos os recursos. Queremos cada vez mais levar os nossos atletas para participar de competições”. Em 2022, anuncia a secretária, serão destinados aproximadamente R$ 6 milhões para o programa.
Outra novidade é a digitalização do programa. Os procedimentos de cadastro e requerimento do Compete Brasília agora são feitos online pelo site. O pedido deve ser protocolado no prazo máximo de 40 dias, para viagens nacionais, e de 60 dias, para as internacionais, antes do início competição .
Já o Bolsa Atleta terá uma atualização com a apresentação de um projeto de lei que ainda está na fase técnica. “Estamos trabalhando para incrementar o programa porque algumas modalidades do paradesporto não estão inclusas; queremos modernizar e incluir modalidades como a paracanoagem, que está crescendo muito em Brasília”, informa a secretária.
Trajetória
A paixão de Bianca Reis pelo judô começou nos tatames de jiu-jítsu, quando acompanhava o pai. “Na época, eu treinava e levava a Bianca comigo”, conta Marcos Reis. “Ela ficava lá vendo, fazendo cambalhotas, brincando e correndo. O meu professor sugeriu que a colocasse no judô”.
Atualmente, Bianca treina todos os dias na Academia Corpo Arte, no Guará, com o orientador Oswaldo Navarro. “Ela está com a gente desde os dez anos”, conta o professor. “É muito gratificante vê-la, porque a gente sempre tenta despertar os alunos, fazer com que eles gostem do esporte”. Foi Navarro quem incentivou a menina a entrar no mundo das competições. “Ela foi se destacando, porque é superdisciplinada, aguerrida e bem competitiva”, avalia. “Fico feliz de termos conseguido despertar isso na Bianca”.
A primeira competição oficial de Bianca foi o Campeonato Brasileiro de Judô, em 2016. Ela perdeu na primeira luta, mas não desistiu. No ano seguinte, conquistou o primeiro lugar na Copa São Paulo. Voltou ao Brasileiro e ficou na segunda colocação. No mesmo ano, garantiu o ouro no Pan-Americano e no Sul-Americano no sub 13. “Foi quando despertou de vez a minha paixão pelo esporte. Comecei a levar mais a sério do que antes. Os treinos começaram a se intensificar”, afirma a judoca.
A partir daí, Bianca foi premiada duas vezes no Pan-Americano (2018 e 2019) com prata e ouro, duas vezes no Sul-Americano (2018 e 2019) – quando ganhou duas medalhas de ouro –, no Campeonato Brasileiro sub 21 e sênior (2021) – ouro e bronze – e nas seletivas Nacional (sub 18 e sub 21) e Sul-Americana, em 2022, conquistando três ouros.
Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Chico Neto
Nenhum comentário