O consenso foi de que não será possível efetivar a retirada das 400 famílias residentes na área de conservação sem antes resolver a situaç...
O consenso foi de que não será possível efetivar a retirada das 400 famílias residentes na área de conservação sem antes resolver a situação da moradia
Audiência Pública da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Legislativa discutiu, na tarde desta sexta-feira (18), a situação das ocupações na área do Parque Ecológico do Areal. Foram ouvidos representantes de órgãos governamentais que relataram ações necessárias para garantir a remoção das famílias que precisarão deixar a área de preservação, além de moradores, que expuseram seu ponto de vista. A deputada Júlia Lucy (Novo), presidente do colegiado, coordenou o debate e evidenciou “a necessidade de tratar da gestão dos parques, de modo equilibrado, contemplando o direito à manutenção do ecossistema Cerrado e à moradia”.
Superintendente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Rejane Pieratti explicou que a área em questão contém atributos ambientais que precisam ser preservados. A área foi redefinida recentemente obedecendo critérios do Código Florestal Brasileiro. “Entendemos que a cidade precisa crescer, mas crescer com saúde. No caso de áreas de preservação permanente, a população que lá se encontra não precisa sair correndo”, garantiu, acrescentando que o Ibram “não fará nada que não seja humano”.
O desafio, nestes casos, é coordenar os aspectos ambiental, econômico e social. “O problema chega a esse ponto devido à falta de um projeto organizado, sendo que o direito a um meio ambiente equilibrado é de todos”, acrescentou Júlia Lucy. A parlamentar também destacou a necessidade de preservação dos recursos hídricos: “Hoje, o desafio em todo o mundo é evitar a escassez de água. Por isso, temos grande responsabilidade. O desmatamento do Cerrado afeta o país, há rios que dependem das nascentes localizadas no Distrito Federal”.
O consenso, entre os participantes da audiência, foi de que não será possível efetivar a retirada dos habitantes sem antes resolver a situação da moradia. O diretor imobiliário da Codhab, Marcus Palomo, por exemplo, ratificou a exigência de encontrar a harmonia entre o desenvolvimento sustentável e o respeito pelo crescimento da cidade. Mas, o planejamento somente poderá ser encaminhado após um levantamento socioeconômico e socioassistencial, ainda não realizado, de responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Social.
Por sua vez, representando a Secretaria de Segurança Pública, o tenente coronel Humberto Marques de Oliveira, salientou que o órgão apoia as ações do Estado “somente após definido o processo de desocupação”. Já os moradores reforçaram que as áreas ocupadas informalmente não foram invadidas ou tomadas à força, mas pela necessidade de encontrar um local para se instalar com suas famílias.
Marco Túlio Alencar - Agência CLDF
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