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Inflação pode interferir na ceia de Natal do brasileiro este ano

  Pesquisa do Núcleo de Inteligência e Pesquisas da Escola de Proteção de Defesa do Consumidor do Procon-SP mostra aumento de 17,11% no preç...

 


Pesquisa do Núcleo de Inteligência e Pesquisas da Escola de Proteção de Defesa do Consumidor do Procon-SP mostra aumento de 17,11% no preço médio de itens da ceia de Natal em relação ao ano passado

O tradicional momento de reunir a família e comemorar o Natal pesará mais no bolso do brasileiro neste ano. Com a inflação cada vez mais alta, os principais itens da ceia natalina têm sofrido grandes alterações no preço, preocupando os consumidores. O que mais puxou a inflação foi o aumento dos alimentos, com variação média de 7,93% (IPC-DI/FGV de dez/20 a nov/21); no mesmo período do ano passado, era de 28,61%).

Para além do aumento devido à inflação, quem se prepara para a ceia ainda sofre com a mudança de valores de estabelecimento para estabelecimento. Em São Paulo, uma pesquisa feita pelo Núcleo de Inteligência e Pesquisas da Escola de Proteção de Defesa do Consumidor do Procon-SP revelou que os preços de produtos que compõem a ceia de Natal apresentam uma diferença de até 124,7% entre um mercado e outro.

O levantamento também indicou um aumento de 17,11% no preço médio em relação ao ano passado, na comparação de mercadorias comuns entre as pesquisas. Já o Índice de Preços ao Consumidor IPC-SP, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), registrou uma variação de 9,98% no período analisado.

Nos últimos 12 meses, o frango inteiro, por exemplo, disparou 24,28% e está no topo da lista dos itens que mais pressionam o bolso, seguido de ovos (17,79%), azeitona (15,13%), carnes bovinas (14,72%) e farinha de trigo (13,70%). Por outro lado, o preço do arroz registrou queda (-8,27%), assim como o do pernil suíno (-1,27%). Leite longa vida (0,81%), cebola (1,87%) e frutas (2,84%) subiram menos.

"Os reflexos dos problemas nos custos de produção que sofremos desde o ano passado, com secas, geadas, alta nos preços dos combustíveis e energia elétrica ainda se fazem sentir, sobretudo nas proteínas. O câmbio alto, favorecendo a exportação das carnes, também contribuiu para manter os preços das proteínas em alta. No entanto, é bom ver que o retorno gradual das chuvas já tem normalizado a dinâmica de diversos preços de alimentos como arroz, frutas, hortaliças e legumes", avaliou Matheus Peçanha, economista do FGV Ibre e responsável pelo levantamento.

Ceia adaptada

Encurraladas, as famílias estão adaptando seus cardápios para a ceia do dia 24 de dezembro. A designer de interiores Fabiana Correia afirmou que não comprará o pernil este ano. “O pernil, com certeza, eu não vou fazer este ano. Porque, apesar de a carne suína ser um preço bem mais em conta, na época de Natal sobe tudo. Uma pancetta tá R$ 32,90, imagina o pernil”, afirmou. “Em Brasília, está tudo muito caro, a inflação está muito alta, o custo de vida é caro. Fui comprar um tomate, o holandês estava a R$ 22, o italiano está R$ 10,99”, reclamou.

Geny Duhau, de 57 anos, proprietária do Restaurante Paladar, em Vicente Pires, prepara um cardápio especial para encomenda de ceias de Natal todos os anos. Desta vez, a empresária afirma ter se surpreendido com altas do valores, mesmo que nesta época do ano já seja esperado uma variação.

“Tudo aumentou. Desde a carne suína , o frango, as aves natalinas, o peru, tender… tudo subiu assustadoramente. Assim, nos finais de ano, a gente já se prepara para um aumento dessas carnes que não são tão comuns a gente comer no dia a dia. Mas este fim de ano foi muito forte. Fica difícil até de você conseguir montar um cardápio e manter um preço acessível para as pessoas, sabe? Porque realmente a coisa tá muito fora do normal”, disse.

A cozinheira conta que vem percebendo um movimento bem fraco nas encomendas para as ceias deste ano, que normalmente são altas. “Está bem fraco. O ano passado tinha uma dificuldade que era as pessoas encomendarem pequenas quantidades por conta da pandemia, já que as pessoas estavam evitando se juntar. Este ano, infelizmente, as pessoas até podem se juntar porque muita gente já está vacinada, mas o que está dificultando mesmo é o custo muito alto”, detalhou.

Até aqueles que ainda investirão na compra do jantar natalino estão adaptando seus pedidos para opções mais baratas. “Outro fator interessante é que no ano passado, por exemplo, muita gente encomendou filé mignon, bacalhau, mas neste ano a gente tem visto pouquíssimos clientes encomendando esses pratos mais caros. O pessoal está se mantendo mais no lombo, nas coxas e sobrecoxas recheadas e na ave natalina. Nem sobre o tradicional peru o povo tem perguntado, porque realmente a situação tá bem difícil”, pontuou Geny.

Mesmo quem normalmente não repara nos valores da ceia tem se assustado com a etiqueta de alguns produtos. A técnica de radiologia Ana Cláudia Nunes, por exemplo, afirmou que o preço do panetone está muito alto. “Na minha casa, sou só eu e meu marido, então sempre somos convidados por nossos familiares. Porém, está tudo mais caro. Uma coisa que eu sempre compro é o panetone, e achei que aumentou muito em relação aos anos anteriores”, observou.

Com informações do CB

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