Secretaria de Saúde acompanha gestantes com o vírus para impedir a transmissão para bebês São 28 anos de vida e 22 de tratamento, mas o qu...
Secretaria de Saúde acompanha gestantes com o vírus para impedir a transmissão para bebês
São 28 anos de vida e 22 de tratamento, mas o que realmente impressiona na vida da estudante Nelma Tavares é a capacidade de manter seus sonhos.
Eles pareciam interrompidos quando, em 1999, um exame do Hospital Materno Infantil de Brasília Dr. Antônio Lisboa (HMIB) explicou porque a criança de 6 anos apresentava doenças com tanta frequência: ela tinha HIV.
Mas, hoje, Nelma tem a alegria de ter filhos, fazer planos e dar conselhos para quem descobre estar infectado com o vírus causador da Aids.
“Sei que é um baque, sei que parece que o mundo vai se acabar, que a vida acabou ali. Mas não. Há chances de você sobreviver se você se aceitar”, aconselha.
Autoaceitação
A autoaceitação de agora foi conquistada depois de enfrentar muito preconceito. A comunidade onde Nelma vivia sabia que a criança tinha o vírus, tendo como resultado uma infância solitária e com frequentes termos pejorativos. “Tinha muita discriminação em relação a mim, porque havia muito desconhecimento. Até hoje ainda falta. Até hoje ainda passo por situações devastadoras”, conta.
Apesar de na infância ter tido consultas mensais, foi só na adolescência que Nelma Tavares percebeu a importância de seguir o tratamento de forma correta. As internações começaram a se tornar menos frequentes e, em 2013, aos 20 anos de idade, ela realizou o sonho de ser mãe.
Depois de mais de onze anos de casamento e duas filhas, ela encara sua trajetória com orgulho na luta contra o preconceito. “Hoje eu já não deixo mais que me humilhem, que me julguem por isso”, afirma.
Os exames atuais, realizados de seis em seis meses, têm o resultado “indetectável”, o que significa o controle do vírus graças à medicação de uso contínuo. Ela faz o acompanhamento no Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin), o antigo Hospital Dia.
A rede pública de saúde do DF também oferece tratamento nas policlínicas de Taguatinga, Planaltina, Paranoá, Gama, Lago Sul e Ceilândia, no Hospital de Base, no Hospital Universitário e nos Hospitais Regionais de Ceilândia e Sobradinho.
“Todas as mulheres que vivem com HIV podem engravidar. Idealmente devem planejar sua gravidez para o momento em que estiverem com sua carga viral indetectável, para oferecer o menor risco ao seu bebê e fazer todo o acompanhamento durante o pré-natal, para que possamos ofertar o cuidado durante o parto”, explica a gerente do Cedin, Denise Arakaki Sanchez.
Caso o vírus seja detectado durante o pré-natal, é oferecido tratamento para baixar a carga viral e oferecer o menor risco para o bebê durante o parto. “Tudo isso só é possível se a gestante fizer um pré-natal de boa qualidade e seguir as recomendações da equipe”, completa a médica.
O informativo epidemiológico da Secretaria de Saúde do DF sobre HIV e Aids entre 2016 e 2020 revelou que 88% das gestantes com o vírus realizaram o pré-natal no período, mas houve uma queda de 91,2% em 2016 e 92,5% em 2017 para 82,9% em 2019 e 85,1% em 2020. O índice de mulheres que descobriram o HIV durante o parto saltou de 3,5% em 2016 para 8,5% em 2020. Nos cinco anos analisados, 88% das mulheres receberam medicação durante a gestação e o parto.
Quando o bebê nasce, os medicamentos antirretrovirais são administrados logo após o parto e ao longo dos primeiros 28 dias de vida, como parte dos procedimentos de prevenção. “Sempre são usados três medicamentos associados e a escolha é baseada na idade e no peso da criança. Para obter sucesso no tratamento, esses medicamentos devem ser administrados todos os dias. Sendo a infecção pelo HIV uma condição crônica, a terapia medicamentosa não deve ser interrompida”, detalha o pediatra Ricardo Azevedo, também do Cedin.
A amamentação é vetada mesmo para as mulheres com tratamento regular e índices de carga viral baixos. “A Secretaria de Saúde fornece o medicamento para a inibição da lactação às mulheres vivendo com HIV após o parto”, explica a médica Beatriz Luz, gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Saúde. Já os bebês têm o desenvolvimento acompanhado por pediatras que indicam as fórmulas necessárias para a substituição do leite materno até os 12 meses de vida.
Entre as principais ações também estão a possibilidade de realizar nos postos de saúde a testagem do vírus HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como sífilis e hepatite.
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Com informações da Secretaria de Saúde
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